SIM OU NÃO ?

Acessórios no corpo, sim ou não?

Na terra ou na água ou no ar,

Eis nesta passarela grão questão,

Competindo na hora o perguntar

Se é justo, se é real ou ilusão

Ou se apenas um vão engalanar.

O corpo dos humanos, lés a lés,

Com gestos de verdade e de emoção

Tem sincronia da cabeça aos pés

Não servindo p´ ra nada a encenação.

Quanto maior é o peso que houver

Maior a reacção se manifesta

E se nisso há ou não algum mister

Ficará a vantagem bem modesta.

Porque é que não os há p´ ra não falar,

Porque é que não os há p´ ra não ouvir,

Porque é que não os há p´ ra não olhar,

Porque é que não os há p´ ra não sentir?

Porque é que não os há p´ ra não comer,

Porque é que não os há p´ra não chorar,

Porque é que não os há p´ ra não sofrer,

Porque é que não os há p´ ra não pensar?

Acessórios no corpo, com franqueza,

E é tão grande seu uso e frequência

Que colhe uma ilusão e uma estranheza

Acabando mais tarde em dependência.

Quem usa de acessórios mais vistosos,

Ponderando acrescer a qualidade,

Torna-se rei em meios orgulhosos

Em falsa sensação de propriedade.

Ó vós, que sois utentes virtuais,

Numa odisseia curta de memória,

Gozai os acessórios naturais

Naquela onda triste ambulatória…

Chegareis, com certeza, à conclusão,

Ao serem instrumentos de trabalho,

Que vale a pena, p´ lo sim ou p´ lo não,

Servir-vos deles só como agasalho?

E se a vós vos faltar o carburante

Que impeça de seguir caminho certo,

Não vos dando prazer justificante,

Ide por outro muito mais directo

Que atinja o destino num instante

Em harmonioso corpo de projecto!

Frassino Machado

In MUSA VIAJANTE

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/01/2013
Reeditado em 18/01/2013
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