Blusa Branca
Não cabe mais em mim o revés daquela Blusa Branca entre as minhas.
Ela não renuncia; dali não sai.
Não se confunde ao tom, sobressai.
Atrai meus olhos ao seu Branco, conjugando meus sentidos a ponto de ao vê-la sentir ainda o cheiro de creme...
Intocável a motejar a prateleira: à direita, a terceira de baixo para cima.
Como fosse a rede maior que o mar, graceja ao seu entorno.
Em suas mangas, ali, amordaças, intatas, ainda parece abrasar o sangue do amor que correu nas tuas veias.
Me intruja nas tuas teias,
Sentimento que não me trai,
Desproporcional ao tempo,
Vocifera em silêncio a súplica de vê-la novamente.
Blusa Branca,
Avidez não quista; contracena com o prazer das lembranças, ainda vivas...
A gola molhada no pescoço, vestida pós banho, faz viver o cheiro do shampoo nos cabelos castanhos, longos, orvalhados.
Inalterada, Blusa Branca. Argumenta constante a escassez do corpo que a vestiu um dia, como ela, precisei de Ti para me ver em mim, em ti, me descobri; viestes a mim para que eu me enxergasse...
Para que eu, ainda, a amasse.