Blusa Branca

Não cabe mais em mim o revés daquela Blusa Branca entre as minhas.

Ela não renuncia; dali não sai.

Não se confunde ao tom, sobressai.

Atrai meus olhos ao seu Branco, conjugando meus sentidos a ponto de ao vê-la sentir ainda o cheiro de creme...

Intocável a motejar a prateleira: à direita, a terceira de baixo para cima.

Como fosse a rede maior que o mar, graceja ao seu entorno.

Em suas mangas, ali, amordaças, intatas, ainda parece abrasar o sangue do amor que correu nas tuas veias.

Me intruja nas tuas teias,

Sentimento que não me trai,

Desproporcional ao tempo,

Vocifera em silêncio a súplica de vê-la novamente.

Blusa Branca,

Avidez não quista; contracena com o prazer das lembranças, ainda vivas...

A gola molhada no pescoço, vestida pós banho, faz viver o cheiro do shampoo nos cabelos castanhos, longos, orvalhados.

Inalterada, Blusa Branca. Argumenta constante a escassez do corpo que a vestiu um dia, como ela, precisei de Ti para me ver em mim, em ti, me descobri; viestes a mim para que eu me enxergasse...

Para que eu, ainda, a amasse.

Demétrio Peixoto
Enviado por Demétrio Peixoto em 07/11/2012
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