O Sou que não consegue Ser
Ai!!! Antigo ferimento que ainda doi,
aflorando a ira, que faz a minha
linda alma tão feia.
Meu coração tão bom, mau agasalhado pela capa
de melindres cultivados
em tristes noites frias de amarguras e medo.
A mágoa gruda em mim como
gordura nas costelas, como parasitas nas laranjeiras.
O acúmulo de ruins sentimentos, ofusca minha essência,
revelando quem nunca gostaria de ter sido.
Palavras descuidadas e cruéis me arrasam, me enfurecem,
me paramentam para a guerra. Que guerra?
A fúria em mim, ascende e apaga como
um fósforo que é riscado na ventania.
Assim, me sinto desamparado ante a explosão
de raiva e medo, muito medo.
Me fecho em copas, até que a poeira baixe e dela
resurja um menino límpido e bom,
cheio de amor pra amar, cheio de dor pra dar.
Sei que sou bom. Mas estou quebrado. Nem com toda a força do meu querer,
consigo ser bem o bom que sou, porque estou quebrado.
Assim, sigo trilhando a vida com passos confusos e assustados,
por ainda não conseguir ser o bom que sou.
Trilhando terras, céus e mares, àqueles que se sentem afogados
em àguas desconhecidas e revoltas, serei o guia, a luz e a âncora firme
que seguramente os farão enchergar um porto seguro.
Eu que queria tão pouco: Ser feliz,
sorrir, amar, abrir os braços, gritar e dançar...
O horizonte ainda me espera, todo encantado e
repleto do novo, do vir a ser...
Sam Nantes - Julho de 2012