FANTOCHES DE CARNE

O que somos diante dos vermes

Se eles silenciosamente nos aguardam

Com a paciência de Jó

Escravos de Jó tudo é do pó

Somos passageiros contidos de nada

Prazo de validade vencendo todos os dias da rotina

Já viemos indo embora

O que há em nossa retina

Se não restos dos dias

Rostos se definhando

Labirintos dos dias findos

Carimbos nas digitas frias

Moribundos das noites traiçoeiras

Não nos deram opção além de poeiras

Só a entrega e o martírio o resto é vão

Somos fantoches da decomposição

Não há nada mais sábio que o nada

O mundo é uma passarela

E nós somos os manequins de pele amarela

Nos cevamos e ceifam nossa hora

O caçador de capuz negro com a sua foice na mão

Nos corta o fio como um balão esvaziamos

É preciso ter sapiência diz o céptico

Ter os pés no chão

Cabeça, tronco e membros eis a verdade!

É o preço da vaidade que nos cobra a vaidade

Vaidade tudo o mais é vaidade

Veleidade da vida que desovamos em covas

Como massas sovadas

Somos bolos de barro

Alimentos mortais

E a vela ainda se acende

Nas olimpíadas do desencarne

Na ascensão dos antepassados

Dos ritos finais...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 25/04/2012
Código do texto: T3633016
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