A CANÇÃO SANGRENTA DA TERRA

Canto-vos a canção feita em cativeiro,

Na solidão fria do calabouço...

Ninguém fica enternecido,

Ó meu amor!

Desfaço-me todo em lágrimas

Por não compreender

O que não é compreensivo?

Quem há de nos explicar?

O que ainda nos resta compreender?

O que ainda nos resta questionar?

Canto-vos a canção dos cativos na sociedade,

Subjugados pelos governos de hipocrisia...

Onde estão os assassinos de “Chico Mendes”?

Onde estão os assassinos de “Dorothy Estang”?

Eles estão mais seguros

E protegidos do que nós;

Eles estão maquinando

Outros tantos homicídios!

Um palmo de chão vira

Sete palmos pra baixo

Nesses conflitos agrários

Que produzem vítimas diárias...

O que fazem os que lutam em favor da justiça?

_Procuram salvar-se todos os dias!

O homem planeja;

O homem ameaça;

O homem mata;

O homem se diz vítima;

O homem diz: não fui eu!

Ouço os mortos cantarem

A canção sangrenta da terra!

Jairoberto Costa
Enviado por Jairoberto Costa em 23/02/2012
Código do texto: T3516045
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