O REPOUSO ETERNO
O REPOUSO ETERNO
Não me foi dado ter pátria
Vivi em brincadeira, um pária
Na minha seara não cresce o trigo
Sempre fui visitante, não tive abrigo
Nunca me alimentei de pão
Ninguém, jamais me estendeu a mão
Quando vivo, calado suportei a dor
Ainda assim espargi muito amor
Mudo seguia os desígnios de DEUS
Alguém nunca ouviu os gemidos meus
Sempre fui relegado e ignorado
Num túmulo perdido fui enterrado
Não fui do barro moldado
Tão pouco... nem queimado
Aspirava em vida, só sorrir
Obrigaram-me enfim, a bramir
Rasguei o verbo, nunca fui medroso
Virá o eterno repouso?
Sob uma lápide escura?
Transformar-me-ei em pedra dura.
(julho/2010)