Eis que o céu se abriu...
Eis que o céu se abriu, as nuvens se mexeram, o sol refletiu, mas sem que pudesse o queimar.
A lua era nova, dizendo a chegada de boas novas.
O céu era estrelado, como brilho de uma face.
Eis que surgiu dos céus uma multidão de anjos de seis asas, que aterrissaram sobre o falecido.
Eis que, com um pergaminho em mãos, tocavam trombetas para anunciar a chegada da vida.
Soava, então, o alívio e o socorro dos anjos.
Eis que o morto ressuscitou, as palavras de ternura tocaram a sua alma e acalmaram seu esplendor.
Eis que as palavras saíram num louvor, em que a alma desparecida começou a flutuar.
Eis que o corpo começou a introduzir-se em movimentos, a mente ressurgiu e o pensamentos retrocederam.
A boca começou a ganhar saliva; poros da pele começam a suar: era o ressurgimento das glândulas sudoríparas.
Eis que o morto abriu os olhos; a cegueira não lhe pertencia mais. A escuridão não era mais o seu lar.
Eis que uma lágrima despedaçou em seus pés.
Eis que o mar de gente se abriu e o caminho surgiu.
Seus pés não vacilaram e suas mãos não se desencontraram; seu coração começou a pulsar novamente como na primeira vez de vida.
Os sonhos, que eram tidos como mortos, começaram a ter uma blindagem diferenciada.
Os sonhos ganharam vida e, com isso, o homem também.
Os sonhos não eram mais sonhos: tornaram-se realidade, um fato na vida do ser.
Eis que a vida lhe deu um abraço, e, juntos, sorriram.
A morte tomou seu caminho, de onde não sei por bem.
Eis que os anjos choraram também; ouviam-se os barulhos de suas asas. O milagre foi feito por completo.
A vida é assim: “Quando achamos que não tem mais solução para nada, aparecem os anjos que vêm para nos dar a mão de socorro e nos libertar daquilo que nos aflige.”
O sorriso nasceu e o sol apareceu; a vida começou a ter sentido.
O que degustava e tinha gosto amargo em seu paladar, começou a ficar doce.
Não existe causa perdida para aquele que crê no Deus vivo.
Deus nunca falhou, e não será dessa vez.
Tudo posso naquele que me fortalece.
Renato F. Marques