POETAE ET TEMPUS
POETAE ET TEMPUS
Marcos Hume
Exílio as coisas que comprei de apego
Embora saiba que não mais existiram os valores pra mim
Porque tenho gastado tanta fortuna com besteiras
Somente pra levantar uma quantidade de cosias preciosa
Gasto toda minha riqueza em busca de uma cura,
Porque estou envelhecendo fora do meu tempo,
Calçando sapatos pequenos e calças de palhaços,
Por tomar doses de violência no sangue.
Eu estou caçando todas as vacinas de salvação
Pra me sentir um pouco melhor amor
Porque sei que minha vida era alegre
E o meu rosto também era tão admirável.
Eu estou correndo contra o tempo arruinado,
Apesar de ter toda certeza do caixão,
Mas sei que sem luta tudo vai ao chão,
Por isso que não canso de comer o pão da vida.
Hoje em dia faço de mim um poeta cortês
E mostro minha obra de arte pra quem percorre,
O risco de um pedaço de papel usado,
Rabiscado na neve feia a beleza verde.
Eu guardo meu pobre violão nunca aproveitado...
E juntamente as notas conhecidas pelas mãos leves,
Tocadas pela força de um amor invejável,
Que faziam todos chorarem numa tarde de sol.
Ainda pra não me esquecer da tristeza:
Eu invento poemas gritantes,
Poemas energéticos, poemas gigantes,
Poemas de Picasso.
Apronto os livros ganhados e caros,
Lavo as mãos antes mesmo de tocar o silêncio teu,
Mesmo que goste de tanta tranquilidade,
Para um pouso de um ninho.
Pra não mais soluçar mato esse tempo
E escrevo de coração pequeno a minha triste,
Pois é o que me resta fazer nessa noite duvidosa,
Que nem chora, que nem estremece, que nem dorme.
Vou te fazer entender eu amanheço no verde de sua janela,
Lembrando que um dia foi um só numa caminhada bonita,
Que logo chegamos ao nosso leito de amor...
Eu quebro o meu orgulho precioso de anos,
Eu te falo que sou um poeta contra o tempo,
Falando sem receio como sobrevivo sem o teu amor,
Eu me declaro numa festa com balões e rojões.
Fecho na mesma estupidez e arrogância,
Porque estou cansado de minha sentença,
De minha longa prisão do horror,
De minha longe beleza do amor.
Escrito por: Marcos Hume