BAILE DOS FANTASMAS

Sá de Freitas

Minha mente, qual velho telhado,

Goteja lembranças,

No salão da saudade,

Onde há um baile,

Promovido pelos fantasmas

Do passado.

Esses espectros

Dançam, cantam e riem,

Como se eu, o dono do salão,

Não estivesse ali.

O conjunto não toca:

Chora uma canção

De amores perdidos,

Um tango de sonhos mortos,

Um samba de alegria já inexistente,

Um Axé de correrias pela vida

E um Gospel de esperança

Que ainda não morreu.

Os fantasmas se vão, por fim,

Mas o baile não termina para mim,

Porque, no salão vazio,

Ainda escuto o Conjunto,

Executando a música do meu pranto,

Enquanto eu danço

Com o fantasma da tua ausência.

Samuel Freitas de Oliveira

Avaré-SP-Brasil

Sá de Freitas
Enviado por Sá de Freitas em 18/10/2011
Código do texto: T3283211