BAILE DOS FANTASMAS
Sá de Freitas
Minha mente, qual velho telhado,
Goteja lembranças,
No salão da saudade,
Onde há um baile,
Promovido pelos fantasmas
Do passado.
Esses espectros
Dançam, cantam e riem,
Como se eu, o dono do salão,
Não estivesse ali.
O conjunto não toca:
Chora uma canção
De amores perdidos,
Um tango de sonhos mortos,
Um samba de alegria já inexistente,
Um Axé de correrias pela vida
E um Gospel de esperança
Que ainda não morreu.
Os fantasmas se vão, por fim,
Mas o baile não termina para mim,
Porque, no salão vazio,
Ainda escuto o Conjunto,
Executando a música do meu pranto,
Enquanto eu danço
Com o fantasma da tua ausência.
Samuel Freitas de Oliveira
Avaré-SP-Brasil