O TEMPO É CEGO

Tudo passa tão depressa e esse tudo às vezes é tão à toa

Olha a pressa que mata tantas pessoas que pacientemente oram

E no ar tantas palavras calam e velas consumidas choram

E o pior é que não são dadas as asas para quem pensa que voa

A não ser as lágrimas que secam e evaporam como depuradas folhas

A pressa é uma grande devoradora dos homens somos sua caça

Só não existe pra quem se prendeu nas teias invisíveis do acaso

Para quem está no corredor da morte o tempo pra aranha não passa

É raro ver uma joaninha dizem dar sorte

Mas a pressa é má companhia

Vemos as motos nas ruas tão apressadas

Como mosquitos ao redor da fruta macia

Infelizmente como insetos nas estradas

Se apagam em plena luz do dia

Ninguém brinca com este estranho passatempo

Ele é de faz de conta todo dia um sigilo é quebrado

E no final das contas a morte tem a cara do tempo...

O tempo passa tão depressa

Que o futuro já chegou

É um bebê com cara de vovô...

Tanta coisa passa, a vida passa

A paisagem pro olhos passa

A foto amarela

Não está mais tagarela

A vela que sem pressa se apaga...

Quem nasceu primeiro

O ovo ou a galinha

Respondo-te nestas linhas

Olha o tempo já voou...

E consigo levou suas asinhas