Vivo morto vivo (carta ao Deus do futuro)
O ser humano que caminha desumanamente
desmente qualquer possibilidade de amparo.
Íntegro, nem sempre, porém, os requintes a que se submete
são daqueles que Deus duvida e o Diabo (muito eloqüente) aplaude.
À medida que se faz homem, faz-se também bicho.
Cruel viver este,
de um pobre e indefeso ser, que é vivo.
Será?
O posteriori não existe, hesita.
Domênica em segundo plano.
Sonolênica para quem desiste,
e vaguidão a quem insiste.
Quantos hão de adorar o mesmo deus. O mesmo sol, o mesmo ar.
Ambos são partes integrantes deste ser.
Vivo?
Porquanto se espera, acredita, enumera e faz-se presente, acima há ainda de estar assim:
Vivo.
Estaria no seu oposto se não mais maltratasse, não mais quisesse a inquerelênica de sua espécie.
Estaria, como bem sabem,
Morto.
Será esta a chave? Será ela a resposta?
Tornar-se vivo, ou morto, é questão de coerência.
De opinião.
É questão para metonímia da razão.
Estaria eu, você, todos nós...
Mortos – vivos?
Ou, quem sabe...
Vivos
(e)
Mortos.