DOIS PONTOS
DOIS PONTOS
Na pior compreensão:
ruínas interiores
As sementes plantadas:
quebradiços amores
Muitas palavras ocas:
ecos de silêncio
Os obstáculos à riqueza:
A falta de ganância
Planos indefinidos:
esquinas sujas
Um pouco de calor:
brasas do inferno
Um abrigo dificultoso:
um labirinto
Pelos os caminhos sinuosos:
sombras oblíquas
No jardim dos sonhos:
ventos soterrados
a virtude comum:
humildade individual
A pior das hipóteses:
a falta de escrúpulo
Todas amadas mulheres:
romântico solitário
Uma razão sensual:
pensamentos da perdição
A obrigação do dia-a-dia:
Qualquer trabalho digno
Sorriso de vidro:
blindagem na garganta
Falso belo amanhecer:
ofuscado pela cegueira
Ontem doce inocência:
lembranças que vão longe
A ignorância do parvo:
emprestado não é dado
Com esperança na humanidade:
perdido no universo
Os escritos no papel:
dois pontos
Os muitos amigos:
Só cachorros
A política de esquerda:
atrofia o cotovelo
A vida no futuro:
uma super nova
As pessoas se encontram:
ou partem em noites escuras
Lábios que maldizem:
experiências de dor
Olhos no deserto:
paisagens cinzas
Sobre o corpo:
anos de vida
(agosto/2001)