ROENDO UNHA

R O E N D O U N H A

Na aflição dedo na boca

Na espera rói a unha

Na felicidade comemora-se roendo

Na tristeza lá está o dedo

Na comodidade sem mais nem por que

No ódio dá calor no sangue

No amor não se faz por menos

Não ingratidão, pouco se me dão

Impõe-se como uma precisão

Policiar-se não é a solução

Sojigar-se também não

Há que sujeitar-se a gozação

Quase sempre é um ato involuntário

Expõe-se tal qual otário

Faz-se! Nem pensa

Não existe motivo; é mania!

É loucura?

Não dentro dos padrões

É masoquismo?

Não, apesar de sentir dor

É vexatório?

Sim pelo os trejeitos

É relapso?

Não, é reflexo incondicionado

É natural?

Sim, não atrapalha

É controlável?

Não, é impensado

Só pode ser doença!

É contagiosa?

Não! É psicose bacterivirótica

Existem remédios?

Sim! Amargos e ardidos

Não é impossibilidade orgânica

Ação leva a reação; roer

(outubro/1996)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 14/06/2011
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