O saldado.
Sinto-me como um avião, mas sem co-piloto e enfrentando fortes turbulências.
Prestes a cair...
Sinto-me como um trem, mas sem trilhos, desgovernado, sem freios. Prestes a perder o rumo de sua direção...
Parece que estou num túnel interminável; não vejo mais o céu.
O céu sumiu de minha direção, de minha imaginação.
Tenho pés, mas não os sinto mais no chão.
Perdi a sensibilidade.
Perdi a sustentabilidade.
Perdi os prestígios relevantes e irrelevantes da vida.
Perdi o auto-respeito.
Perdi os desejos mais comuns,
Que são sorrir.
Perdeu-se o menino do sorriso triste.
Sinto dores fortes nas costas. Talvez seja pela cruz que carrego.
Sinto uma desvantagem que machuca meu peito.
Estou arrebentado, lançado para viver sofrendo.
Sou um são que vive sem noção do que é viver feliz.
Nunca senti isso, nem sei o que é...
Talvez eu reclame demais e queira coisas demais,
Mas, nem sei... Vejo pessoas incapazes melhores que eu.
Talvez eu seja invejoso,
Mas eu também quero o tesouro.
Não por isso sou pirata.
Não sei onde achar,
Mas vivo em minhas batalhas sãs.
Batalhas entre corpo e alma.
Batalhas entre minha mente.
Perdeu a espada o soldado.
Foi atingindo pelo maior vilão que são seus sonhos,
Ou talvez seja ele mesmo o vilão.
Mas vai o soldado sem espada mesmo lutando,
Desviando dos seus adversários.
Mesmo sem pique,
Mesmo sem equilíbrio físico e mental,
Vai o soldado tentando chegar a algum lugar.
Quem sabe, no paraíso.
Quem sabe, saia um sol.
Quem sabe, venham novos tempos.
Quem sabe, venha...
Enfim, vai o saldado,
Vou eu então!