OS NOVE SENTIDOS
O S N O V E S E N T I D O S
A visão: O terror da escuridão total
Não ver a flor é brutal
Não saber a cor das nuvens é frustrante
A audição: Ouvir a música do eco é delirante
Sentir o silêncio no coração que bate no peito é viver
Diferenciar o choro do sorriso é o de menos
O olfato: O perfume da rosa é único e ameno
Suspirar pelo cheiro de nosso tempero favorito
Confirmar que o oxigênio é inodoro
O paladar: O gosto da maçã nos faz pecar e eu adoro!
O sabor amargo, há quem goste!
Degustar beijos! É gostoso como o quê!
O tato: Se coçar... Comece para você vê!
Ter nas mãos uma pena de pássaro
Nada melhor que um abraço apertado
A premonição: Antever um encontro inesperado
Pressagiar um presente de alguém
Ter um aviso de mau agouro
A fala: Cantar um refrão como calouro
Simplesmente falar o que der na telha
Fazer um discurso filosófico estando bebum
O prazer: Comemorar a vitória do seu time contra qualquer um
O máximo! Estalar a língua ao se deliciar com um suco
Os oito segundos do orgasmo; nada análogo!
A estupidez: Desconhecer a prerrogativa do diálogo
Não ter bom senso para o bem comum
Faltar com a educação no trato com crianças e idosos
O prazer do estúpido é falar em premonição
O paladar tateia, cheira e ouve, mas é cego
(abril/1990)