SETE VIDAS DIFERENTES
SETE VIDAS DIFERENTES
Hoje sou um vírus cigano
Faço minhas estripulias de leve
Os antibióticos descem goela abaixo
Com metamorfose me disfarço em proteína
No esterco de animal me dou bem!
É onde faço farra e repouso
As aves adoram meus anéis
Não sou cobra-cega, nem p... sou a minhoca
Já fui peçonhenta: cascavel
Injetava o veneno e fugia
Matava meus inimigos para vê-los caírem
Hoje minha toxina também cura
Durante o dia durmo à sombra
À noite tenho insônia
Da minha boca não sai som
Pele ressecada: sou o calango
Retiro da água pura meu oxigênio
Ao sol minhas escamas brilham
Me chamam de “peixe fresco”
Vendem-me nas feiras e mercados
A qualquer hora falo pelos cotovelos
Dou vôos rasantes na defesa do ninho
Sou seco! Magro como um graveto
Me denominam: quero-quero
Em outros tempos fui quelônio
Me arrasto tão lento quanto o tempo
Fazem chacota da minha carapaça
Nas águas faço folguedos e sorrio
(outubro/2007)