SETE VIDAS DIFERENTES

SETE VIDAS DIFERENTES

Hoje sou um vírus cigano

Faço minhas estripulias de leve

Os antibióticos descem goela abaixo

Com metamorfose me disfarço em proteína

No esterco de animal me dou bem!

É onde faço farra e repouso

As aves adoram meus anéis

Não sou cobra-cega, nem p... sou a minhoca

Já fui peçonhenta: cascavel

Injetava o veneno e fugia

Matava meus inimigos para vê-los caírem

Hoje minha toxina também cura

Durante o dia durmo à sombra

À noite tenho insônia

Da minha boca não sai som

Pele ressecada: sou o calango

Retiro da água pura meu oxigênio

Ao sol minhas escamas brilham

Me chamam de “peixe fresco”

Vendem-me nas feiras e mercados

A qualquer hora falo pelos cotovelos

Dou vôos rasantes na defesa do ninho

Sou seco! Magro como um graveto

Me denominam: quero-quero

Em outros tempos fui quelônio

Me arrasto tão lento quanto o tempo

Fazem chacota da minha carapaça

Nas águas faço folguedos e sorrio

(outubro/2007)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 15/05/2011
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