Dia do beijo
A vida é tão triste
Triste, triste e triste.
Hoje é dia do beijo,
Mas hoje não ganhei nem um oi, nem um abraço, muito menos um beijo.
Você acha que eu ainda teria esperança de ganhar,
Pior que eu tive, nem que seja no rosto.
Pode ser uma data idiota, uma comemoração idiota,
Mas e daí?! Todos os dias são idiotas mesmo.
Bem que esse poderia ser diferente...
Na verdade nem comemoro mais nada,
Nem compro mais fardo de cerveja.
Perdi a auto-estima, pode vir com quem você quiser me animar,
Não é um sexo a três que vai me deixar totalmente animado.
Meu pênis pode subir, mas será um sexo talvez rápido.
Mas nem meu pênis sobe. Nem com um beijo eu gozo.
Encosto triste, sem um beijo no rosto.
Queria um lábio, pode ser carnudo,
O lábio tanto faz, mas tem que ser feminino,
Tem que satisfazer meu instinto
Para que eu possa, quem sabe, contentar-me com pouco.
É difícil, sabe?! Viver com nada e com fome.
Com vontade de algo... Não de doces, de sexo; de algo.
Algo que nem eu mesmo posso identificar.
Já sentiste um vazio em seu peito alguma vez na vida?
Se sim, quem sabe, consegues me compreender.
Se não, pega um texto romântico e lê e goza à vontade
Com seus toques precários e suas carícias superficiais.
O meu buraco é mais em baixo.
Hoje é o dia do beijo e eu já nem ligo mais.
Quem dera fosse o dia do nada
Para que alguém se lembrasse de mim
E me homenageasse com flores na porta de casa.
E me despertasse, aí sim, com um beijo no rosto.
Quem dera fosse o dia dos tristes
Para que a relva se desvanecesse por fim
E para que eu pudesse dormir sem a culpa de ser solitário.