Viva voz

Tua sede de tantas águas

Todas límpidas, todas calmas

Tenho-as aqui

Em minha boca que fala.

Palavras ditas baixinho

São como aves no ninho

Que sonham com o despertar.

E como a noite é insone

Brincamos de sermos poetas

Até o dia raiar

Criamos a nossa trama

Trançamos nas pernas

A fome

O que irá nos saciar?

Ai de ti,

Que te afogas

Em minhas águas

Ai de mim

que nelas queimo

já que são quentes e

sem meios de esfriar.

Minha boca nunca se cala.