Eu não estava a fim de escrever.
Eu não estava a fim de escrever,
Mas eu tinha necessidade de fazê-lo.
Tinha que descrever o meu próprio eu.
Mesmo que meu eu saia meio obscuro num fundo pouco plano.
Num declínio onde sinto meu corpo em plena indecisão,
Mas na indiscrição dos meus pés mal adaptados em um chão.
Meus pés reclamam. Meus calçados nem entram mais. Meu chinelo quebrou e meu pé esta machucado.
Estou, porém, sem calçados. Só sinto a sujeira do chão
Ela coça meus dedos, elas me irritam.
Eu me irrito com tudo, até com você que nem conheço. Não sei, mas não fui com sua cara. Não compraria um pôster seu e colocaria na parede do meu quarto. Aliás, nem compraria um pôster meu, eu sou feio ao mesmo tempo em que sou bonito.
Talvez tenha transtornos bipolares, pois a cada hora mudo de conceito.
No meu receio, aceito sugestões, mas que não falem de mim.
Não gosto que falem e pensem, mas também nem ligo para o que falam e deixam de pensar.
Meu pensar é transtornado pela circunstância de uma vítima que não sabe rimar.
Aliás, eu não gosto de rimas. Apenas escrevo o que um cérebro desgovernado pede.
Eu sou desgovernado, pois nem sei rir em piadas, muito menos sem graças.
Eu sou um trem sem eixo, mas, entre os meus seios, recreio que o mundo seja desalinhado.
Desenho que o mundo é infantil, áspero e astuto.
Recebo de um carteiro a carta dizendo que o mundo esta desacreditado.
Que eu e o mundo respiramos por aparelhos. Estamos incubados às correntes juntos com inbecis.
Odiamos idiotas, mas tentamos viver na hipocrisia de olhares fechados.