Desabafo.
Desabafo.
Não queria mais tocar nesse assunto, mas ele ainda me pertence...
Ele ainda atinge meu consciente e me faz chorar.
Começo a desabafar a dor de uma garganta inflamada.
Pior coisa é você fazer algo que ama e nem ser apoiado por sua família.
Não ouvi nem um parabéns sequer. Magoou-me a criança que existe por dentro.
Entristeceu minhas palavras que saíam tão doces, eu tinha até escrito uma poesia de agradecimento, mas rasguei e joguei junto com a comida dos cachorros. Foram pedaços tão mal mastigados e meus cães tiveram diarréia precoce.
Precoce seria o testamento que teria já feito deixando meus bens, os meus livros. Mas por que deixaria meus livros? Para virarem pó entre sua estante?
Não deixarei mais nada. Fecharei minha janela, trancarei minhas portas, vocês não entrarão mais na minha casa.
Vocês não entrarão mais nas minhas singelas palavras de amor, mas de ódio.
Vocês não farão mais parte de minha vitrine e sequer da minha vida. Excluí vocês, pois vocês não me alimentam, não transmitem mais nada. Esgotou, se alguma que coisa eu sentia por vocês.
Esgotou a paciência. Eu faço parte de uma ciência que pouco preza pela consciência.
Não precisa dizer mais nada, nem olhe na minha cara. Porque, quando passar por mim, você será como despercebido, eu não te conheço e nem estou a fim de conhecer.
Esgotei pelo silêncio e viva sem mim. Não preciso mais de suas hipocrisias.
Não bata mais nas minhas costas. Eu não sou mais seu amiguinho e nem quero mais ser.
Partiu-se então longe de mim – longe dos meus filhos.
Meus livros!
Renato F.Marques.