O NINHO

"O NINHO"

O ninho se partiu,

Repartiu-se o linho

Não sou mais o mocinho

Escureceu-se o branquelinho

Que de Querido

Nem ousa mais,

Ser seu marido

Vivo o descaminho

Caminhada de volta

De uma devota

Que cobra tudo

Como serpente

Que é viva e morta

Para sua resposta de ficção

Que cobra

Para que tudo aconteça

Para que apodreça da terra

Para que na guerra se encha do fosso

Para o gozo de toda a galera

Para que quando os tenha em sua cama

O desgosto venha a escorrer por suas pernas

Espessa vaga

Mácula que não causa pena

Venha à cena,

Choupana,

De vento que desacampa

Quando se reclama

Da pecha

Brecha que descamba em agrura

A Lamúria voltada em muitas

Penúria acovardada em multas

Para o alimento de sua besta fera

Arresto de uma alma,

Sem crista

Que desgalhada a anistia

Que jamais,

Poderia ser bem quista

Nem por comparsas,

Nem por todos

Nem em outras comarcas

Nem em coro,

Nem pelas massas,

Nem pelas praças,

Nem em couro,

Onde transformaria tantas pessoas,

Em touros

Para que então cedam à eucaristia

De seus filhos propostos

Incapaz, portanto,

De ser bem vista

Por ser apenas

O ouro dos tolos

Risca meu corpo,

Por inteiro

De unhas e de descomposturas

Mais férreo

Ferra meu lombo em declive

Ao seu despenhadeiro

Seu paradeiro recrimina

Para que se vista

Do vermelho

Que traz ao espelho

Visão surpresa de sua alma de trevas

Velha que prega a peça

E lhe apega suprema

Para um novo relacionamento

Ração para que por algum tempo,

Traga-lhe vida

Quirelas, seu preço,

É pago por elas

Pois dela,

Partirá o seu decênio.

Omar Gazaneu
Enviado por Omar Gazaneu em 18/02/2011
Código do texto: T2800060