A PORTA DA CERTEZA
A P O R T A D A C E R T E Z A
O convencional é tudo nos trilhos
Errado e certo, dois andarilhos
Mas o certo escorrega
Vem o vento e o carrega
Nem por isso vou me preocupar
Mas se pelos cantos esbarrar
As coisas certas... nem vou procurar
Conformo-me com as coisas fora do lugar
Enterrei a estupidez em ataúde de pinho
Para o certo conheço o melhor caminho
Já sabia desde a infância
Quando depus as armas da ignorância
Se ninguém vir, não importa...
Para eu abrir, a porta
A da certeza procurei a esmo
Achei-a! Em mim mesmo
É o arrastar pela idade, o pé no chinelo
É o vibrar das cordas do violoncelo
É o pouco saber, mas saber bem!
É o ler e o escrever também
É ter certeza de estar certo!
Pode ser que eu precise de tristezas
Para saber o que são alegrias
Talvez tenha aversão e fobias
Porém também esperanças e belezas
Quero apenas sorrir
Nada vai me diminuir
Toco adiante meu entender
Sem interferir no seu jeito de ser
Para mim, o fim é um novo começo
Talvez o mundo foi virado do avesso
Ou será que foi colocado certo
Eu é que o vejo ao inverso?
(novembro/1982)