Maldita Cachaça

Acordo de madrugada,
Levanto sem vontade, não quero café,
Vou até à cozinha beliscar a caninha.
Vivendo sem querer, querer vivendo.
Maldita cachaça!

Saio pelas ruas chutando a descrença,
Estaco no botequim da esquina e,
Devoro a desgraçada.
Ali fico, horas e horas me matando,
Bebendo para esquecer
As chateações, as dívidas, o desemprego,
O aluguel, a esposa, agora infiel.
Maldita cachaça!

Bebo para perder tempo,
Saúde, a vergonha,
Os filhos, o dinheiro, os amigos,
A cabeça, a vida.
Maldita cachaça!

Faz de mim um alcoólatra,
Bebida ardente, sagrada,
Forte, turbulenta, enganadora, confusa.
Maldosa, errônea, transformadora,
Distribuidora e realista.
Maldita cachaça!

És,
O encontro com a perdição,
A angústia, o caminho sem volta,
A fraqueza de oprimidos que vegetam,
O cansaço de quem perdeu o amor a si próprio,
O egoísmo de heróis anônimos.
Maldita cachaça!

Volto pra casa
Sem vontade, não quero o jantar,
Vou até o quarto de dormir e
Desmaio cansado.
Maldita cachaça! Maldita cachaça!

                                   
egpoesias@hotmail.com


EDIR GONÇALVES
Enviado por EDIR GONÇALVES em 20/11/2010
Reeditado em 07/05/2013
Código do texto: T2626418
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