Chão de Fábrica
Neste labirinto escuro
Não florescem as Ipoméias
Mas o suor impuro
inundam as minhas meias.
Neste labirinto escuro
Estou cercado por muros
E nesta lida diária
08, 09, 10 horas de Murro.
Para receber sua Féria
Que não a usufrui nas férias.
Dia-a-dia tarefa e ocupação
Sem mente, surdo de coração.
Sem tempo pra si, sem visão.
Dia-a-dia tarefa e produção
Dia-a-dia tarefa e ocupação.
Dia-a-dia tarefa e produção.
Oh barulho, oh marteladas.
Quem sou eu nestas jornadas?
Corpos-motores, ventas-vapores.
Cai a tarde, corpos e torpores.
Começa o dia, chão de fábrica.
Termina o dia, chão de fábrica.
Ano novo chão de fábrica.
Fim de ano, chão de fábrica.
Maquinas que vomitam papeis
em mesas inertes, impiedosas,
e mulheres e Homens fiéis,
cruzam-se em salas ruidosas.
Oh portões que se me trancam para dentro
e não me soltam em tempos intermediários
para que me alivie, e me resfolegue,
sem antes me mostrar meu trabalho(diário).
Dia-a-dia tarefa e ocupação.
Dia-a-dia tarefa e produção.
Começa o dia, chão de fábrica.
Termina o dia, chão de fábrica.
Ano novo chão de fábrica.
Fim de ano, chão de fábrica.
- Será trabalho, será prazer?
Como?
- Onde buscar outra forma
Pra viver?!
- Onde me achar sem grades, sem muros?
- E todos, por que seguem o mesmo rumo?
- viveriam sem salas, mesas, horários, trabalho, honorários... Salários...?!