Chão de Fábrica

Neste labirinto escuro

Não florescem as Ipoméias

Mas o suor impuro

inundam as minhas meias.

Neste labirinto escuro

Estou cercado por muros

E nesta lida diária

08, 09, 10 horas de Murro.

Para receber sua Féria

Que não a usufrui nas férias.

Dia-a-dia tarefa e ocupação

Sem mente, surdo de coração.

Sem tempo pra si, sem visão.

Dia-a-dia tarefa e produção

Dia-a-dia tarefa e ocupação.

Dia-a-dia tarefa e produção.

Oh barulho, oh marteladas.

Quem sou eu nestas jornadas?

Corpos-motores, ventas-vapores.

Cai a tarde, corpos e torpores.

Começa o dia, chão de fábrica.

Termina o dia, chão de fábrica.

Ano novo chão de fábrica.

Fim de ano, chão de fábrica.

Maquinas que vomitam papeis

em mesas inertes, impiedosas,

e mulheres e Homens fiéis,

cruzam-se em salas ruidosas.

Oh portões que se me trancam para dentro

e não me soltam em tempos intermediários

para que me alivie, e me resfolegue,

sem antes me mostrar meu trabalho(diário).

Dia-a-dia tarefa e ocupação.

Dia-a-dia tarefa e produção.

Começa o dia, chão de fábrica.

Termina o dia, chão de fábrica.

Ano novo chão de fábrica.

Fim de ano, chão de fábrica.

- Será trabalho, será prazer?

Como?

- Onde buscar outra forma

Pra viver?!

- Onde me achar sem grades, sem muros?

- E todos, por que seguem o mesmo rumo?

- viveriam sem salas, mesas, horários, trabalho, honorários... Salários...?!

Paulo Acácio
Enviado por Paulo Acácio em 04/11/2010
Código do texto: T2596465