De-marcado.
De-marcado.
O corpo traz as marcas que a vida deu.
Os olhos dizem o que a boca não consegue falar.
O coração se gela a cada novo luar.
Um dia após o outro vive.
Um novo dia que não traz nada de novo.
E o sol que brilha na manhã seguinte
Já não tem o mesmo sentido,
Já não faz
o mesmo calor.
Aquecendo por fora
Congela por dentro
Cada vez mais.
Em cada sorriso,
Em cada gesto de felicidade
Deseja que o tempo não mais exista.
Quando volta ao mundo real
A sensação é de que
Nada dura por muito tempo.
E que o mesmo tempo
É o necessário pra se atingir
A felicidade.
Felicidade essa
Que esperamos por muito tempo.
E que às vezes dura algum.
Enquanto a vida
Decide-se de que jeito vai brincar
Arrisca-se a viver.
Porque o viver
É o risco que se corre
Pra ser feliz ou não ser.
E se o sofrer
Ainda não é o bastante,
Arrisca-se mais e mais.
Pra que algum dia descubra
Se é mais forte que ele.
Ou se de tanto lutar se exauriu...
Bruno Lopes / 2006