HOMEM SÓ
HOMEM SÓ
Vi-me solitário eu um deserto,
Usava um turbante azul sobre a cabeça
E um tênue manto da mesma cor
Jogada pelos ombros até bem abaixo...
Ambos bem mais azuis de que o celeste,
Muito próximo do índigo...
Via-me um homem azul...
Não corria,
Ninguém corria,
Não precisa chegar a ser,
Já é muito bom ser simplesmente o que é...
Sem barulho,
Ouvindo o cantar tranqüilo do silêncio,
Melodia criada não sabe por quem,
Nem há necessidade de saber por quê...
Saara é minha existência,
Não tem idade,
Talvez seja a mesma do mundo.
Sem endereço,
Sem documento,
Sou um homem só,
Orientando-me pelas estrelas,
O chão é uma areia escaldante,
O céu o telhado estrelado a noite,
Mas de dia um sol quente...
Não tenho mulher,
Nem filhos,
Sou um tuaregue,
Um tuaregue azul,
Distante da humanidade...
Individualmente só
Abusando sempre de minha
Solitária e eterna felicidade...
Goiânia, 11 de setembro de 2010.