A SAUDADE DO CAIPIRA

Seu moço!

Eu vim da roça.

Lá deixei minha palhoça.

Esposa em estado de graça.

E cinco filhos pra criá.

Deixei uma vaca no pasto,

Quase sem leite nas tetas.

Uns pezinhos de mandioca,

Que a seca não deixou vingá.

Antes de sair de lá...

Comprei sarilho pro poço,

Esperança da água de novo

Quem sabe nele brotá.

Lá, deixei meu violão,

Um papagaio espoleta

E tudo que pus na maleta

Foi a esperança de vortá.

Aqui na cidade grande

A solidão me invade...

Quase morro de saudade,

Vendo ano a ano passá.

Sem saber da minha terra.

Se meus filhos já são homens

Ou se morreram de fome

E minha mulher como tá?

Não sou homem de leitura.

Paguei pra escrever as linhas

E sem resposta alguma,

Minha esperança definha.

Seu moço!

Essa minha história...

Já se foram vinte anos,

e eu nesse desengano

Sem nunca vortá pra lá.

Mas a fé em Padrim Ciço

Não me deixa desanimá.

(Sirlei L. Passolongo)

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