MORINGA IN RIBA DA JANELA
(Dedicado ao amigo, Everton Cerqueira)
Meu cumpadé meu amigo
Quero uma coisa lhe contá.
Nois vivemo longi do sertão
Sem presta tensão naquilo acolá!
Vim de longe pra Sarvadô
A mais de qarenta ano atrás,
Misquici a lindêza de meu povo
E de que o sol é capais!
A sêde acá no sertão da gastura
E agua, cuma é difici de arranjá.
Mais mermo ancim meu pôvo é bão.
prudento da catinga é que se pode prová.
Pois num é que, num aperreio
Tive que um dia pru lá vortá
E pra xegá donde saí
Nos matos tive que me enbrênhar
Sabia que o destino era lonje
Mais não queria fazê fêio
Andano pro vereda de jurema
De tanta sêde quase racho no meio
Foi quando dei numa cazinha
Com uma moringa in riba da janela
Corri seó moço, não négo pra vosmecê
Não era uma visage, nunca vi coiza tão bela
E pra minha sorte arrepare só
Tava ali prumode me ajudá
O dono disse pode beber meu sinhô,
ta inte o gargalo, mode da a quem passá
Se acomode nesse banco, se sente,
Já sabemo da lonjura, bêba o que quiser.
É um bem querer pra qarquer um
Mais ganha lá em riba, quem bem aqui fizé
Antonce esbarrei; meu Deus!
Pôvo bão e pobre ancim.
Dando quase o que não tem mode dá.
E tanta gente num tar de pranarto
E nem da uma zoiadinha pra cá...
Adaptação do conto Moringa na Janela.
Postado no Recanto das Letras
Do grande amigo Everton Cerqueira
SALVADOR, 06/02/2008.
Barret.