A voz do silêncio

Era uma voz que ecoava no silêncio do dia

Falava aos nossos ouvidos na noite calma

Eram momentos sagrados que tudo se ouvia

Época que ainda não havia chegado a água encanada

A luz elétrica também não deu as suas caras

Dormia-se cedo e na escuridão da noite

Ouvia-se o zunido dos carapanãs, o cantar do rasga-mortalha

O vaga-lume passava com seu pisca-pisca na noite

Ouvia-se de tudo com a voz do silêncio

O cantar do Aratau e do Murucututu

Cantos que metiam medos, agorentos

E o coachar do sapo cururu

E a modernidade chegou

Foi-se perdendo a magia do silêncio

Veio o fogão a gás, geladeira, moto, carro, TV e tudo começou

A voz do silêncio foi se perdendo no tempo

Toda prosa se apoderou de toda nossa beleza

Deixando só saudades boas do passado

Aquele som maravilhoso que se ouvia da natureza

Que nos fazia dormir, sonhar e viver acordado.