O Lago Misterioso
Eita! Lago que me dava medo
Era só chegar em sua boca, era um desassossego
Havia muito rebojo e corredeira
Que me fazia levar a canoa bem pela beira.
Mas, se o lago era tão agitado
Tinha grande quantidade de pescado
Já dizia o seu Antonio Pescador
Que me ensinava tudo com amor.
Diziam que tinha Cobra Grande
Jacaré e Pirarucu gigante
Boto nem se falava, eu via muitos boiar
Agitando o lago tentando me intimidar.
Eu ainda era menino mesmo, curumim
Mas, eu gostava muito de pescar, sim
Então, enfrentava o Lago Misterioso
Eu ia com medo, mas um medo gostoso.
Certa vez eu ia entrando na boca
Os Botos em cardume, me atacaram que situação louca
Tive que remar com rapidez
e pra na terra subir
Deixar tudo se acalmar voltar e partir.
Um pescador experiente me contava
Que no lago tinha um Aningau que andava
Daí o medo se apoderava muito mais de mim
Mas o gosto pela pescaria era maior, enfrentava sim.
Eu pegava Piranha, Sulamba e Cara Açu
Sardinha, Aracu e Pacu
Pirapitinga, Surubim e Tucunaré
Tambaqui, Cara e Bereré.
Diziam que a Anaconda no Aningau morava
Por isso, era que ele se movimentava
No Lago, ele ia de um lado ao outro
Causando medo e um tremendo alvoroço.
Um dia no Aningau houve um tremendo reboliço
Foi a noite inteira, causando o seu sumiço
Diz um pescador, que a Anaconda subiu rio acima procurando outro abrigo
E que o Lago Misterioso, passou a ser um Lago Amigo.
Mao, 09/01/2023.
Poeta e escritor urucaraense.