Tempo bom

A vida no interior

Nunca foi somente flor

Aquele tempo passado

Foi um tempo aperriado

Tempo de dificuldade

Mesmo assim, eu tenho saudade

Do meu tempo de criança

Tempo bom de esperança

De não se preocupar atoa

Época de lembrança boa

De pescaria no rio

Do beiço tremer de frio

Eu armava arapuca

Comia farinha com açúcar

Cozinhava no roçado

Comia milho assado

Comia pirão de chimbuda

Ouvia estória cabeluda

Que os mais velhos contavam

Os nossos se arregalavam

Pelo teor da estória

Hoje, guardo na memória

Aquele tempo bonito

De sorriso infinito

Eu ia buscar lenha na mata

Pois, tinha medo da chibata

Que mamãe 'só ' prometia

Tenho saudade de tia

Saudade das farinhadas

De comer batata assada

Na cinza lá do fogão

Saudade do são João

Saudade do Cosme e Damião

Que dona Iracilda fazia

Ô tempo bom de alegria

Guardado em meu coração

Saudade da discoteca

E do jogo de peteca

Que a minha mãe inventava

E que a agente brincava

Saudade da moradia

Lá onde vovó vivia

Saudade das brincadeiras

Era quase a noite inteira

No terreiro lá de casa

A meninada se juntava

A gente tudo inventava

O coração se alegrava

Ô tempo bom da mulesta

Aquilo tudo era festa

Aquilo sim, era riqueza

Bem ali, a natureza

Nos servia de encanto

E lá, naquele recanto

Não tinha tristeza ou dor

Qualquer dificuldade, se curava com amor..

Deuza Maria
Enviado por Deuza Maria em 13/07/2023
Código do texto: T7835788
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