Conversa de Violeiro
Canto de viola, prenda de rodinha
Curupira chora na mata sozinho
Se achou que ele ia, disfarçado vinha,
Vinha com a flauta tocando um chorinho
Lá onde a gente mora tem uma corujinha
Ela nunca pisca quando está no ninho
Quando eu me descuido ouço um assovio
É o seu chirriar chamando a cotovia
Dizem que são comadres, quem será madrinha?
Que bate no poleiro causando arrepio,
Carijó galinho fica todo arisco, cisca no poleiro
Diz ser o dono do edifício, prosa com as galinhas
Que vale o sacrifício dessa ladainha...
Já é madrugada distante um canto fagueiro
Enquanto eles cantam por paixão
Eu canto por dinheiro, vira e mexe
Esse galinho encanta o seresteiro.
Moda de viola solto o meu refrão,
Carro de boiadeiro vem na contramão,
Rimo carretel de linha com canja de galinha.
O meu canto é um gatilho que mirou teu coração,
Quem tá piando no terreiro é o matraquinha
O Pinto mais amarelinho que o sol desse verão
Chuvisco no telhado saudade da moreninha
Que tocou em sustenido em dó o meu coração
Quanto mais eu dedilho o meu velho violão
Maio o teu o brilho estrela minha, aguça minha paixão.
Roda de ciranda, cantiga da noitinha
A fogueira já se apagou só restou esse refrão:
Tua trança de mariquinha comprida feito minha sina
Não é maior que o meu desejo,
Nem o calor da fogueira de São João
É mais quente que o meu beijo.
Aí ela canta com o maior desdém...
E diz, conversa de violeiro! Amanhã parte no trem.
Se volta eu não sei não...
Eu é quem não vou cair no canto do seresteiro.
Na última quadrilha eu sobrei feito balão,
Levada pelo fole de um tal Sebastião,
Até hoje não sei o rumo desse sanfoneiro.