NOS TEMPOS DO RAPA-COCO
Pleno século XXI, início de terceiro milênio, e, um lugarejo na Paraíba, Nazarezinho, não imagina que bicho é Coca-cola. Literalmente isolado rodeado de denso, mui compacto, cerrado e espesso matagal, nem de mais moderno, um moedor de carne manual da marca Mimoso.
Pra chegar lá, vindo de Sousa, um só caminho: a estreitíssima vereda Pedro Álvares, que comporta apenas uma pessoa em trânsito – é mão sempre pra quem chega -. Detalhe: ninguém sai (e nunca saiu) de Nazarezinho pelas últimas cinco gerações. Insulamento consentido, mas de gosto.
Rádio, nem radinho de “piula”! O povo vivendo da roça, cultivada no quintal de casa. Quando falei numa tal Xuxa, uma velha de cocó, cabelo branco que nem capucho de algodão, perguntou se “isso é coisa de chupar”. Televisão? Certamente, o aumentativo de “televizinha”.
Idade da pedra lascada, gente aquela silvícola, cujas mães tiram piolho de suas cabeças pra botar na das filhas, acocoradas e alegres. Necessidades fisiológicas: só obram no mato. Em compensação, não hay porco magro ali. Medicina: a alternativa, pra dor de cabeça, é só soprar no ouvido.
Mais que, ingênuo perguntei o que havia por trás daquele denso, mui compacto, cerrado e espesso matagal. E, um senhor, tão Caititu, respondeu cheio de dúvidas:
Na minha mente, passando essa mata aí, é Portugal. Dizem, Né?...
*Autor: Tarcísio Vale Matos, Fortaleza-CE.