Chico,sertanejo raiz.
Chico é homem duro
cabra macho do sertão.
passou fome,sede e frio
é de lá não saiu não.
-Só saio do meu torrão seu môço,
quando nosso sinhô ou meu padim Ciço quizer.
-Comigo num tem bestêra,nem com bala de canhão num saio de jeito manêra,nem na ponta da pexêra.
-Morro de fome e de sede se não chuver num fica vede,mas num dêxo meu sertão.
Vivia Chico de seu roçado,
tinha três cabeças de gado e algumas criações.
Dona Duda,sua Esposa,velha,murcha e cansada,dá janela fazia reclamações.
-Ô Chiquin,tu deu mii prus pinto?!
-Cortô Parma pru gado?!
-Ti avia ôme!...
Chico,calejado e paciente fingia não escutar.
As galinhas no poleiro disputando seu lugar
indicava que a noite não tardaria a chegar.
Dona Duda nem tinha pressa de acender os candeeiros,porque não se dava bem com o cheiro da querosene,nem com tanto fumaceiro
Chico,depois de arar a terra e plantar sementes de milho e feijão pega o alforje e a enxada e retorna ao humilde lar.
Dona Duda,ao ve-lo chegar trouxe água na bacia pro seu velho se banhar.
A noite já se fazia,ceiaram,agradeceram em oração e adormeceram para no outro dia recomeçar a dura rotina no solo seco do sertão.