SEU SANTINHO, O BENZEDÔ

Lá se veio de mala e cuia

Seu Santinho, o benzedô

Há três meis arretrasado

Pra benzê bucho virado,

Nó nas tripa, mar oiado

E tamém de carqué dô!

Sarampo arrecoído,

Oio gordo e quebrante

Cobrero sem cumprimido

Ele cura, ele garante!

Pras moça que pricisa

A mãe do corpo tirá

Ou carqué inframaçao

Quelas apresentá

Ele dá cardo de erva

Prelas intão tomá!

Gente de carqué idade,

Aqui da nossa cidade

Pur ele vai prucurá.

Cuma firida na perna

Muitos ano a incomodá

Dona Sinhá arresorveu

Que ia lhe cunsurtá.

Macerado de erva pura

Que quais ninguém vê falá

A firida ele bisuntô;

Inrrolô cum jorná usado

E cum pano amarrô.

A recumendaçao foi essa

De num mexê por um meis

Quandu divia vortá

Prele vê otra veiz.

Pur vorta duns doze dia

Ela num aguentô

A firida a fervê

O cheru intao, um horrô.

Dotô de verdade veio,

Foi os fio que chamô

Já num tinha o que mais fazê

Sem perna ela ficô!

Mais um disafeto, o dotô,

Seu Santinho foi arrumá,

Pá num tê cumpricaçao,

Pá num pará na prisão,

Seu Santinho de novo, então,

O caminho foi pegá!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 22/06/2021
Reeditado em 29/07/2021
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