SEU SANTINHO, O BENZEDÔ
Lá se veio de mala e cuia
Seu Santinho, o benzedô
Há três meis arretrasado
Pra benzê bucho virado,
Nó nas tripa, mar oiado
E tamém de carqué dô!
Sarampo arrecoído,
Oio gordo e quebrante
Cobrero sem cumprimido
Ele cura, ele garante!
Pras moça que pricisa
A mãe do corpo tirá
Ou carqué inframaçao
Quelas apresentá
Ele dá cardo de erva
Prelas intão tomá!
Gente de carqué idade,
Aqui da nossa cidade
Pur ele vai prucurá.
Cuma firida na perna
Muitos ano a incomodá
Dona Sinhá arresorveu
Que ia lhe cunsurtá.
Macerado de erva pura
Que quais ninguém vê falá
A firida ele bisuntô;
Inrrolô cum jorná usado
E cum pano amarrô.
A recumendaçao foi essa
De num mexê por um meis
Quandu divia vortá
Prele vê otra veiz.
Pur vorta duns doze dia
Ela num aguentô
A firida a fervê
O cheru intao, um horrô.
Dotô de verdade veio,
Foi os fio que chamô
Já num tinha o que mais fazê
Sem perna ela ficô!
Mais um disafeto, o dotô,
Seu Santinho foi arrumá,
Pá num tê cumpricaçao,
Pá num pará na prisão,
Seu Santinho de novo, então,
O caminho foi pegá!