O nordestino sem caricatura
Nordestino povo arretado
Vive na seca
No sertão não tem inverno, só verão
Com foice e enxada na mão
Faz do trabaio sua diversão
E não importa, se no fim do dia não ganhou um tostão!
Vai rezar pra no outro dia chover um punhado
Pra ajudar na prantação
De mio, de arroz e inté de feijão
Não há fortuna que pague uma chuva no sertão
Apanham cada gota preciosa para encher os caldeirão
Valei-me, Deus, que chova mais um tantão!
A noite acende vela pra não ficar na escuridão
Não há energia elétrica, nem tampouco televisão
Do suor do rosto faz-se cada tostão
Auxílio emergencial e bolsa família dá conta não
Nordestino é bicho arretado, mata todo dia um liao!
E quem quiser falar mal pegue a enxada e o foice então
Mostra que é cabra macho
E aguenta a fome no sertão!
Valei- me Deus que povo abençuado
Acorda junto com o galo
Se sente fome ou sede
Não faz recramação
Acende monte de vela e põe joeio no chão
Deus ouve a fé do nordestino
Que reza cum coração!
Não tem tempo ruim
Nem pandimia pra largar o facão
O povo geme de joelho no chão
E novamente levanta pra mais uma labuta
Nordestino é brasileiro, bicho que luta!
Dizem por aí que o sistema é democrático
Que o mundo é igual
Mas a desigualdade que mal trata
Torna resistente esse povo, ao final
Todo suor derramado, um esforço danado
Corrobora a injustiça
Mas é a fé em Deus que faz que esse povo nunca desista!
Eita povo arretado!