MINEIRAS NOITES JUNINAS

Álgidas noites de junho, esperadas.

O terço rezado aos pés do mastro

Erguido no terreiro, iluminado e

Aquecido pela ardente fogueira.

Quente quentão fumega na chaleira.

A mesa posta, com nossas delícias

Acobertadas com toalhado branco de limpo.

Meninos de olhos compridos, esperavam.

Broa de mindoin na peneira de bambu,

Morena quitanda que acaba primeiro.

Chamo de João deitado o pau a pique

Vestido na assada folha de bananeira.

Um tantão de biscoito de polvilho

Trazidos por dona Zéfa, quitandeira.

Na canequinha vermelha de ferro agata,

O chá de favaca adoçado com rapadura.

O bororó de panela de ferro é bão,

A canjicada fervia no doce panelão.

Meninos traquinavam com bombinhas.

Foguetes deixavam a cachorrada louca.

Rielinho era o animado sanfoneiro,

Pandeiro, viola, violão e cavaquinho.

O chão barrido e salpicado de água

Logo levantaria poeira e saudade.

Tinha mais muié que homi, muita véia.

Divertido valsear, todos bons amigos.

Paulinho e Zé da Marsília, dupla caipira,

Estava também o afinado Gerardinho.

Com uma mesa daquela e os tocadores...

E o terço ainda no terceiro mistério! Afff

Que demora..., mas era promessa.

O dono da casa é quem manda.

No canto um pau de sebo muito liso,

Lá em riba a prenda a ser buscada.

Jogo de truco foi por bem evitado,

Coisa chata aquela gritaiada.

Mesa liberada; ninguém foi jantado.

Sobremesa: doce de leite, figo e cidra.

Tinha muita gente, comida sempre sobra.

Batatinha leiloava um frango e um pato.

Dançamos felizes até amanhecer.

Os retireiros sonolentos saíram antes.

As mulheres arrumaram a cozinha.

Essas festas são nossa alegria.

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 30/03/2021
Reeditado em 25/07/2024
Código do texto: T7219820
Classificação de conteúdo: seguro