O Zé Roela

Eu sou um peão

de pelo ouriçado

Sou bruto...sou bruto,

meio atrapalhado

Com o garfo e a faca,

e o garrão embarrado

Na lida do gado

Sou mais respeitado

Seguro nos cornos

E o garrote é deitado

E em poucos segundos

É Bem manietado

Cutuco e levanto

O boi amuado

E cui'do nelore

De chifre afiado

Cruzando à galope

O fundo banhado

Se vejo que a China

Me olha de lado

Fico mais faceiro

Que leitão no barro

E firmo as esporas

Por baixo do sarro

Mas se ela me fala

Bom dia, meu caro

Já fico bem bambo

Não sei o que falo

E já encabrunhado

E vermeio... me calo.

C'os bicho é mais fácil

Vai no berro e no relho

Com gente dá trabalho

Até o beijo é sem anelo

Quando peço não recebo

Quando recebo, não quero.

Mas tô aprendendo

Não sou zé roela

Fiz esta poesia

E mandei para ela

Enrolei numa pedra

E quebrei a janela.

A pedra caiu

Na cabeça dela

Puta que o pariu

Quem é o arteiro?

Subi no cavalo

E fugi ligeiro...

Desculpa chinoca

Errei minha mira

Só queria dar prova

Da minha estima

Se errei na biroca

Acertei na rima.

Tu é bem mais linda

Que a égua Pintada

Mais linda que a chuva

Que molha a invernada

Teu cheiro é igual

O da terra molhada.

Se tu me aceitar

Serei teu parceiro

Ti cuido melhor

Que trato o terneiro

Por fim vou lhe dar

O meu mundo inteiro

Pois olha seu Zé

Dispenso, obrigada

Mas como mulher

Fico preocupada

De provocar ciúmes

Em toda a boiada.

Não tem problema!

Já nem quero isso...

Trocar minha vida

Por tanto serviço?

E por fim ser expulso

Do meu paraíso...

Então, enfim me aquetei

E conformei-me c'oa sina

De um viver solitário

Na campina e na lida

Meu peito, ao contrário

Chora e soluça, ainda.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 06/02/2021
Reeditado em 09/02/2021
Código do texto: T7178281
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