LÁ NA MINHA ROÇA
Naquele tempo tudo era difícil
O rapaz "carregava a moça "
E juntos montavam uma família
lá na minha roça
Poucos terminavam o fundamental
Quem fugia de casa para se juntar
Não tinha mais tempo para estudar
O homem ia para roça
A mulher fazia a merenda
E mandava o filho ir deixar
Tinha feijão com ovo
Farinha com rapadura
Um caldo de galinha caipira
Era fartura
lá na minha roça
Mas quem não tinha um pedaço de chão
Para plantar seu feijão
Vivia de diária
Trabalhava Até meio dia
Para levar comida
Para casa
Não tinha televisão
E o povo até diz
Que era por isso que
Cada mulher
Tinha uns quinze filhos
lá na minha roça
Cada moça tinha um caderno
E se reuniam nas noites de luar
Recitavam suas poesias
Trava línguas e versos
Minha mãe me disse um
"Com a escrevo amor
Com p escrevo paixão
Com A escrevo antonio
Dentro do meu coração"
A vida era difícil
Mas cheia de alegria
Simplicidade e euforia
lá na minha roça
E cada vez que ouço as histórias
Fico a imaginar
Meus avós ainda crianças
Indo para roça deixar a merenda.
eu ainda menino
lá na minha roça
vivi um pouco disso
e ia lá no matagal
deixar a merenda para
papai
nas tardes se reunia
toda a criançada
brincávamos futebol e queimada
era tanta pira
pira-pega
pira-boa
pira-americana
e as pira que a gente
inventada
e a noite era pequena
para quem sabia sorrir
era tanta brincadeira
que era difícil partir
na verdade, só acabava
quando a mãe injuriada
gritava lá de casa
chamando a gente pra dormir
lá na minha roça
muita coisa mudou
as crianças não souberam mais brincar
depois que a tecnologia chegou
mas guardo na lembrança
as histórias que ouvi de mamãe
e as que vivi
e faço uma poesia para
dizer com muita euforia
que lá na minha roça
tinha simplicidade
e muita alegria
rodrigo siza