No Tabuleiro do Brasil

Ao amigo Geraldo Norte grande poeta e declamador nordestino e divulgador do nobre sertão.

No Tabulêro tem:

Tem o brasile e seus sonho

Tem os causo e as prosa

Tem a força do sertão

No cerrado charme do Ipê rosa.

No Tabulêro é ansim:

Casa de matuto inraizado

Da linguage pura e formosa.

No tabulêro

Tem baiano, tem pernambucano

Tem o uai do minêro sô!

O piqui do goiano

E lá vem o paulista e acreano

Numa prosa de dá gosto

Óia o ciarense e o gibão!

Meu Brasile pa todos os gôstio.

Nesse Tabulêro tomem é ansim:

A viola ponteia álima

A álima bêja a sanfona

O Repente abraça o Pagode

O Coco respeitia o Baião

O Chamamé disimbola filiz!

Esse é o Tabulêro

Desse brasilzão raiz.

No batido do pilão

Do cantá da Saracura

Das labareda do fugão

A sombra da Sucupira.

Do toc...toc..do muin

Às amarra cum imbira.

Esse Tabulêro entra de sola

No sapatiado da Catira.

Todo dia seis

As istrela canta

A criação arvoroça

Tudo se agiganta

A vida ansim se feiz

A Bandêra tá divina!

Ela tá no Tabulêro

Saleve Santos Reis!

O vento sabido e veloz

Atravessa os vale e varre as montanha

Leva os acorde inté os rincão

E os arripio se assanha

E a linguage da passarada

Num lindo gorjeio

Eu orgúio in sê um caipira do pé rachado

Amo o Tabulêro sem ninhum receio.

E lá vem o batuque

Lá vem o Congado

Lá vem o Tambô!

Força de Palmares

No canto o grito

Que ecoa nos canaviá

Esse tabulêro

É um mananciá.

Óia! Num vô delatá.

Vô ligá meu radim

Sei que do Oiapoque ao Chuí

Tá freveno de prosa e canturia

Já arreuni os minino e a Maria

Inté vô fazê um pidido ligêro:

- Ô Geraldo!

Bota uma moda do Tião aqui no Tabulêro!

Lá fora a brisa cai de mansin

Os vaga-lume alumiano a prantação

E jazim vem a ordenha

Mais inhantes dessas maravia

E a lua inda acesa

Isperando o sole pa mode batizá o dia

Vamo apriciá essa magia

Do Tabulêro e sua maestria.

Vida pareia!

As pareia de álimas

Álimas feitia um rio

Águas de palavra Seridó.

Vô imbriagá no linguajá matuto

Língua putiguá Brasile triguêro core de anile

Caboco inraizado, desse paraíso um fruto

Nós no Tabulêro do Brasile!

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 19/10/2018
Reeditado em 20/10/2018
Código do texto: T6480695
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