TOCAIA

Peão valente que vai pra invernada

sem medo de nada não foge da raia.

Topa com bicho, laça a rês perdida,

fica assustado se o coração faz tocaia.

Pode ser em barranco ou no mato fechado,

escondido na moita onde a vida faz curva,

sorrateiro, na espreita, tem um sentimento.

A visão da estrada de repente fica turva.

Peão assustado, não esperava por aquilo,

corcoveia no mato que nem burro bravo.

De novo na estrada, espia, assombrado,

pergunta pra vida se ela aceita conchavo.

A vida avisa que não topa um conluio.

Fala pro caboclo: abaixe o seu facho.

Passado o susto ele vê seu assombro:

dois olhos claros feito água de riacho.

Peão encurta as rédeas, diminui o trote,

quer ir sem pressa no cavalo que é a vida.

Foi desfeita a tocaia e a Deus agradece,

naquela curva estava a felicidade escondida.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 25/03/2018
Código do texto: T6290501
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