LÁ ONDE O SOL RACHA A TERRA
Chão duro que a força consome,
Aqui nasce e se forja o homem.
A ferro e fogo, se marca o gado,
Vaqueiro se embrenha no meio do mato.
Onde criança não tem infância,
Jardim de pedra, flor sem fragrância.
De sol a sol os dias são longos,
Branco, índio e zumbi quilombo.
A pele queimada e o couro curtido,
Carcaça de gado, riacho "lambido".
Do cangaço ainda se ouvem os tiros,
E no cercado, jumento, cabra e cabrito.
Mas é povo que se ajuda bem,
Que divide o pouco que tem.
De manhãzinha, quando menino eu era,
Dizia minha vó, mulher muito sincera:
- Acorda menino, levanta,
Que o sol tá rachando a terra!