VERDE DE MEDO
Fiquei pasmadi
Morri um bocado
Quandi eu era sordadi
Do meu istadi.
A genti rastejava
O coroner falava
Nóis nem piava
Pois pra módi
Num pagá cadeia...
A coisa tá feia
Um milico na cadeia
Só di recrammá
Qui a cumida tava ruinha.
Vida di milico é dura
Toma tanta surra
Em nome da prata amada
Qui só midá porrada.
Eu tô iscrevenu
Com medo do venenu
Daqueles sargentu
Na minha tadinha di vida.
Cumpri meu ano
Agora com força recramu
A dor qui senti
Mas peço pr'ocê
Não ispaiá por aí
Purque o quateli
Num podi sabê
Qui istô aqui.
Poesia publicada no livro "PEDAÇOS DE MIM" editado pela Editora João Scortecci em 1994.