SÔ PUETA, SEU DOUTÔ
Sô pueta, seu doutô,
Pueta piquininím,
Mas num erro o meu camín
Quando vô falá de amô,
Quando vô falá da flô
Qui afulora meu jardím.
Sô pueta, seu doutô,
Pueta paraibano,
Num naiscí na capitá
Cuma naisceu Ariano,
Eu nascí foi no Pilá,
Na terra qui tanto amo!...
Na terra de Lins do Rego
E tombém Mané Xudu,
Na terra qui tem puema
No canto inté dos lambú!
Quanto mais dos sabiá,
Dos concrí, dos sanhassú!...
Eu sô fí de agricutô,
Cum orgúio, sempre falo,
Pôi já trabaiei na rossa,
nas minha mão tenho calo.
Fui criado sem mardade,
Ainda hoje vivo assim,
Viveno aqui na cidade,
Cum zoiá chei de sodade
Cantano quá passarím!..
Como amo o meu Pilá!
A terra véia e cherosa,
A terra branca, arenosa,
Qui firma mais meu andá.
Qui si plantá tudo dá.
Pôi si plantá a simente
E o inverno num fartá,
Agente vévi contente,
Mais filíz, mais sorridente,
Colheno in nosso lugá!...
Sô pueta, seu doutô,
Do Vale do Paraíba,
Dos versus de Zé da Luz
Qui retratô nossa vida.
I ele ainda achano pôco
No livro Brasí Cabôco
Cobrô respeito e guarida!
Cobrô respeito e guarida
Da Capitá Federá,
Pro nordestino candango,
Pros sertanejo de cá.
Hoje vivemo essa lida,
O guverno onde é qui tá?
A corrupção tá sôrta
I o Brasí tá sem morá!
Si o guverno respeitássi
Os dinheiro dos imposto,
Si direitím aplicássi
Nóis vivia mais cum gosto,
A cantá, mais a sorrí,
Mais filíz e mais disposto,
Satisfeito cum Brasí!