RÚSTICO- Poesia sertaneja-
Da cerrada mata sou caboclo
E venho chegando pra contar...
Que com os mistérios que lá existem
Só macho é quem mora lá!
*
Quando é noite de lua cheia
Lobisomens correm sem parar...
E os gritos ecoam nas matas
Das marmotas que vivem lá!
*
DEUS me livre mata virgem
Eu não quero mais voltar.
*
Com o faro da onça preta
E a traição do maracajá,
Mais perigo corre a vida
A quem atrever-se andar por lá!
*
Cobras venenosas também matam
Poucas vidas que restam lá...
Pois de mim ninguém duvide
Do que eu tenho a comprovar!..
*
DEUS me livre da mata virgem
Eu não quero mais voltar.
*
Também me lembro d'um certo dia...
Quando sozinho eu fui caçar
Numa luta de vida ou morte,
Um bicho forte eu quis matar!
*
Foi uma disputa bem acirrada
Quando eu não pude recuar,
Contra a força do touro bravo
A sua garganta eu fiz sangrar!
*
DEUS me livre da mata virgem,
Eu não quero mais voltar.
*
Também me lembro d'uma certa feita
Quando tive que enfrentar
As garras de um crocodilo
Sem ter que me afogar!
*
Foi bem assim a minha vida...
Durante o quanto estive lá.
Desafiar tantos perigos
E muito ter que labutar!
*
DEUS me livre da mata virgem
Eu não quero mais voltar.
*
Outros mais perigos eu enfrentei
Quando eu vim de lá pra cá
Dois guaxinins e um gato pardo,
Todos tive que matar!
*
Por isso é que bem vos peço
Para todos me escutar...
Além de tenazes desafios
Também fantasmas habitam lá
*
DEUS me livre da mata virgem
Eu não quero mais voltar.
*
Só me resta então pedir a DEUS
O que eu mais tenho a desejar...
Quero ter uma vida nova
E construir um novo lar;
*
Pra que eu possa ter a paz
E para sempre descansar,
E viver pelo o prazer
Da minha vida melhorar!
*
DEUS me livre da mata virgem
Eu não quero mais voltar
*
Mas eu vou sentir saudades da vida que deixei lá!
(Alci Marcio)
30 DE JULHO