LAGOA SECA

A poeira tapava

Minha difícil despedida

Sob o sol caído

Naquela lagoa seca.

Na longínqua cerca

O arame farpado e o quiabento

No chão árido

As pegadas do sofrimento

Nas pastagens, gados em sequela

Buscando o escasso alimento.

Na umburana a cigarra

Bem afinada se desmantela

Dói no peito o marasmo

Do Sertão simbolizado pelo calo

E o ruído da dor

Da sede e da fome que martela.

As mãos calejadas

Calam-se na enxada

A alma pragueja a seca perene

O braço quebra o torrão

A boca pede por pão

A solidão exalta com força

O sofrê e o anum não cantam mais.

Ao longe moças magrelas

Puras feito flor

Perdem-se na cuspinha de dizeres

As promessas brotam na goela

Em cada e cada pensamento

E no rosto feio o olhar doce

Implorando amor.

TERNURA
Enviado por TERNURA em 02/11/2016
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