Como eu queria
É simples, queria muita coisa não!
Era só um cavalo com as tralhas
uma rede, um colchão velho de palha
um lugar no meio do sertão!
Queria uma casa na serra
Um quintal batido de terra
Pé de umbú, cajá e mamão!
Um terreiro varrido com as ramas
Um cachorro deitado na porta
Umas criação, um curral, uma porca
Plantar e colher com a mão!
Queria sentar no batente da casa
Enquanto o café ta no fogo
Ao longe um tiro, um estouro
Caçador de arma na mão
No céu, pousar meus olhos serenos
No limiar dessa imensidão
Não sei se o sonho é pequeno
Ou grande é a solidão
Nem que eu tome veneno
Já morto, duro e fedendo
Eu vou voltar pra o sertão
Preparando as malas pra voltar
Hoje, quem sabe um dia
Chamo isso de saudade
Outros chamam de agonia
Deixarei de chorar de saudade
Não mas vou repetir essa frase
Ah, como eu queria!
Santaluz Bahia, Decimo oitavo dia do quarto mês de dois mil e quinze ano do nosso senhor Jesus Cristo.
Laudo Costa.