ZÉ MENINO
Sempre foi Antonino um inquieto menino
Era um espoleta, verdadeiro capeta
Da escola fugia, sua mãe lhe batia
Nunca estudava e do pai apanhava.
Sem bola de gude, corria pro açude
Era uma beleza nadar na represa
Pulava em poça, levava mais coça
Fugia pro mato e vinha com carrapato.
Sabugo e pauzinho viravam boizinho
Pedaço de maleta dava boa carreta
Carreiro que era, dormia em tapera
Fugia de casa, queria bater asa.
Um dia, por acaso, se deu um acaso
Viu um sujeito gabola tocando viola
O Antonino parado, o olhar marejado
Não ouvia nada, só a viola encantada.
O Antonino se diz, eu vou ser feliz
Minha vida vai pro lado, desse ponteado
Só cresço por fora, por dentro paro agora
Por esse toque divino, vou ser sempre menino.
E assim Antonino, virou Zé Menino
Sublime violeiro, das tradições um herdeiro
Afasta a desdita com a viola bendita
Guarda a pureza da infância, rejeita a ganância.
Dinheiro não busca, nunca teve nem um Fusca
Só pensa na sua arte, se tiver um enfarte
Vai precisar de um doutor, que lhe faça o favor
E lhe atenda de graça, ou pra outra ele passa.
Este é o Zé Menino, que já foi o Antonino
Diz que é muito feliz, tem o destino que quis
A viola é sua vida, nela encontra guarida
Toca pra toda gente e faz o mundo contente.