VAZANTE DA SAUDADE
Barulho do tempo antigo
monjolo e pilão soca, soca.
Saudade que anda comigo
é bicho que sai da toca.
Socando e abrindo ferida.
Cisterna escavada no peito
jorra lembrança doída,
rio que não cabe no leito.
Vazante por onde escoa
lembrança de boi e boiada,
tempo de chuva e roça boa,
inhambu piando na palhada.
Mulheres fazendo novena,
moreninha me olha de lado.
Muita gente em casa pequena,
no terreiro viola em ponteado.
Carro de boi puxando carga
vejo saindo dessa cisterna.
Carregando saudade amarga
da vida que eu queria eterna.