A enxada e o carrasco

Na grota escondida

De fenda profunda

Peleja uma enxada

Com pedra de funda

Tentando tornar

A terra fecunda.

No escalpo da serra

Corrói uma enxada

Na áspera rocha

Seu dono se enfada

De tanto batê-la

Reduz-se em nada

Mas eis que ele trouxe

Marreta e trilho

E bate na lâmina

Que planta o milho

Pra ter o que comer

Esposa e filho

O seu pobre dono

Cansado do posto

Esfrega o suor

Que cai de seu rosto

Mas nunca lamenta

Faz tudo com gosto

O sol que caminha

Ao meio do céu

Parece fazer

Do pobre um réu

E faz reduzir

Um manto num véu

A enxada persiste

Em sua agonia

Trabalha bem cedo

Escuro é o dia

Das mãos e dos olhos

É apoio e guia.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 10/06/2015
Reeditado em 10/06/2015
Código do texto: T5272627
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